sábado, 18 de novembro de 2006

[ tctp # 0008 ] TEORIA JAKOBSONIANA DA FUNÇÃO POÉTICA DA LINGUAGEM - RESUMO

Segundo Jakobson, a comunicação verbal pressupõe necessariamente a interacção de seis "factores inalienáveis", que podem ser assim esquematicamente representados:
CONTEXTO
EMISSOR... MENSAGEM... DESTINATÁRIO
CONTACTO
CÓDIGO
Cada um destes factores origina uma função linguística específica. No entanto, é difícil a apresentação de uma mensagem que realize apenas uma destas funções. Verifica-se em cada mensagem a presença de mais do que uma função, impondo uma delas o seu predomínio sobre as outras, a função predominante. A estrutura verbal de uma mensagem depende primariamente da função que nela é predominante.
Em Jakobson, a distinção das seis funções da linguagem verbal é a seguinte:
  1. Função expressiva ou emotiva - centrada sobre o sujeito emissor. "Uma expressão directa da atitude do sujeito em relação àquilo de que fala. Tende a dar a impressão de uma certa emoção, verdadeira ou fingida. As interjeições representam o estrato da língua puramente emotivo, mas a função emotiva é inerente, em vário grau, a qualquer mensagem, quer se considere o nível fónico, quer o nível gramatical ou lexical. A informação veiculada pela linguagem não pode ser restringida à informação do tipo cognitivo.
  2. Função conativa - denominada apelativa por Bühler, orientada para o destinatário, encontra a sua manifestação mais pura no vocativo e no imperativo. As frases imperativas, ao contrário das declarativas, não podem ser submetidas a uma prova de verdade, nem transformadas em frases interrogativas.
  3. Função referencial - também chamada denotativa ou cognitva, orientada para o referente, para o contexto.
  4. Função fática - é predominante nas mensagens que têm por finalidade "estabelecer, prolongar ou interromper a comunicação, verificar se o circuito funciona [...], fixar a atenção do interlocutor ou assegurar que esta não frouxa".
  5. Função metalinguística - ocorre "quando o emissor e/ou o receptor julgam necessário averiguar se ambos utilizam na verdade o mesmo código". Quando o discurso está centrado no código, desempenha uma função metalinguística. Esta função representa um instrumento importante nas investigações lógicas, mas o seu papel é também relevante na linguagem quotidiana.
  6. Função poética - centrada sobre a própria mensagem. "A orientação [Einstellung] para a mensagem enquanto tal, o centro de interesse incidindo sobre a mensagem considerada por si mesma, é o que define a função poética da linguagem". Esta função não constitui a função exclusiva do conjunto de textos que Jakbson designa por "arte da linguagem", trata-se apenas da sua função dominante. A função poética pode, contudo, desempenhar um papel secundário, embora muito importante, em mensagens cuja função dominante seja uma das outras funções [publicidade, propaganda política, em que a função dominante é a função conativa].